Dia dos Pais

08:44Prisca Rockbell

Para ouvir: Ele continua sendo bom.

Nos anos anteriores, eu me propunha e escrever um poema, texto ou dedicar algo a ele. Eu passava o dia todo chorando e deixava de ir à igreja porque sabia que chegando lá, eu teria de ver apresentações, cantar músicas e ver homenagens relacionadas à um dia que não posso mais comemorar da mesma forma que há 9 anos. Doía ver todo mundo feliz enquanto eu tinha de amargar a dor de não tê-lo mais aqui. Doía na alma saber que eu não poderia mais participar das apresentações sem sentir uma dor imensa na alma. Mas doía, verbo pretérito imperfeito do indicativo. Não, não me tornei insensível e/ou deixei de sentir a falta dele. Todavia, hoje há em mim uma consciência de algo maior. Eu passei a pensar nele. No quanto, antes de sua morte, ele sofria. Sofria por não poder trabalhar. Sofria por ter crises e mais crises todos os dias. A gente sente uma dor um dia ou outro e já faz um alarde, agora imagine o qual insuportável é, sentir a respiração falhar, o pulmão contrair, a força faltar quase todos os dias da semana... É aterrorizador.

Foi por pensar nele que atualmente minha dor tem sido amenizada. A dor diminui ainda mais por saber que há um plano maior por trás de cada acontecimento. Por me lembrar que "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus", e isso inclui aceitar aquilo que não é fácil de início.

Esse domingo foi diferente. Ok, sei que para muitos eu estava estranha. Eu passei o dia calada. Mas era porque eu precisava refletir em tudo isso. Também por que o velho orgulho não gostou do fato de sentir o olhar de pena de todos os lados. As palavras faladas cautelosamente como se, em casos como o meu, fosse possível não fazer a pessoa sentir, pois não é. Quem já perdeu alguém e tem um dia que lhe faz lembrar sabe, que não há nada que se faça, a lembrança fica ali, basta você decidir de que maneira se sentir. Nesse dia escolhi ver o lado do amor.

Sim, continuo sentindo a falta de meu pai biológico, sei que continuará havendo dias em que uma lágrima vai rolar por pensar diretamente nele, mas se que o maior Pai de todos está cuidando de mim. Eu seria tola se negasse esse amor que me é transmitido todos os dias, a cada mínimo detalhe. Te amo Celso Santiago Regis, pai que me deu sobrenome, me ensinou a seguir os passos de Jesus, me ensinou o que é amar. Te amo Deus, Pai que está comigo e que mesmo quando tentei ir para longe, não deixou de me amar e cuidar de mim e me aceitar de volta.



Priscila Regis
12/08/2014


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